A moda do futuro ou o futuro da moda?
- Cris Dorini

- 1 de mai.
- 4 min de leitura
Os impactos da moda no meio ambiente e na sociedade fomentam discussões há muito tempo. Essa preocupação não é à toa. Dados do Global Slavery apontam a moda como a segunda categoria de exportação que mais explora o trabalho forçado, ficando atrás apenas do setor da tecnologia.

De acordo com uma pesquisa de cientistas da Universidade de Plymouth (Inglaterra), em uma escala global, estima-se que 35% de todo microplástico primário que chega aos oceanos seja proveniente da lavagem de tecidos sintéticos. Além disso, o setor reutiliza menos de 1% dos 53 milhões de toneladas de têxteis que produz anualmente.
Com base nesses dados, percebe-se que produção de forma massificada em busca de aumentar o lucro sem considerar as questões socioambientais é um risco iminente.
Ao levantar o questionamento acerca do futuro da moda, torna-se ainda mais evidente que os impactos da produção e consumo desenfreados vão muito além da extração de matéria-prima, do consumo de água e energia, emissões de carbono e as questões com o descarte de resíduos.
Trata-se também dos danos irreversíveis à natureza, a degradação social em diversas regiões do mundo, e também o desrespeito às condições básicas de trabalho e dignidade humana.
Se antes era aceitável ditar uma moda temporal, com data pré-determinada para a obsolescência, hoje, estamos vivendo um momento de mudanças profundas e disruptivas causadas pela tecnologia. A chegada de gerações mais conscientes também potencializa a atenção e o clamor por iniciativas sustentáveis.
O futuro da moda é um anseio da sociedade já agora. No livro “O futuro da moda: tecnologia, sustentabilidade e personalização”, a autora Daniele Leite, aponta três caminhos como tendência sustentável para os próximos anos: a integração entre moda e tecnologia, o design customizável e a natureza. É com base nesses pilares que vamos aprofundar nossa discussão.
A inevitável conexão que moldará o futuro
Ao invés de explorar a natureza, estamos começando a aprender com ela. É nesse caminho que a moda e a tecnologia se cruzam. A nanotecnologia e a biotecnologia estão permitindo cada vez mais a criação de peças com materiais que antes seriam lixo, a descoberta de novos processos e o desenvolvimento de novos produtos.
Além disso, o uso de dados ainda permite encontrar oportunidades para inovar nos processos de criação, design e produtos. Ferramentas como as impressoras 3D. inteligência artificial e blockchain podem apoiar em diversas etapas, desde os protótipos, personalização e controle de distribuição.

Design customizável
Segundo a teoria da Modernidade Líquida, do sociólogo Zygmunt Bauman, tudo é fluido, volátil, mutável, imprevisível e sem um padrão definido. Com isso em vista, a moda acompanha as transformações e desejos individuais dos seus consumidores, criando cada vez mais peças personalizadas e exclusivas.
Outro ponto importante sobre o design customizável é o padrão. Na verdade, a falta — ou até mesmo a extinção — dele, consolidando uma nova tendência: a customização do vestuário.
Neste cenário, tecnologias como o escaneamento corporal em 3D estão apoiando negócios que desejam atender com eficiência e agilidade a demanda crescente de produtos sob medida.
Essas movimentações abrem ainda mais espaço para iniciativas de diversidade e inclusão (D&I). É cada vez mais comum ver nas passarelas modelos plus size, idosas ou pessoas com deficiência. Também tem aumentado o número de influenciadores que abordam a temática de D&I, dando mais visibilidade à causa.
Moda sustentável
O slow fashion aparece como um sinônimo de moda sustentável. O conceito não se limita à uma tradução literal de fabricação lenta dos produtos. Envolve os preceitos de comércio justo, utilização de matérias-primas locais e naturais, processos e modelos de negócios sustentáveis, produção de peças atemporais, redução dos resíduos e aumento da reciclagem.
Junto disso, novos conceitos têm aparecido, como o normcore, zero wast, upcycling, moda ética e desmaterialização do consumo. Todos com um único objetivo: transformar a indústria da moda em um segmento que respeita o meio ambiente e a sociedade e ainda assim gera lucro e movimenta a economia.
Grandes empresas já estão atentas a essa movimentação sustentável. A Havaianas, por exemplo, criou em 2020 o reCICLO, o programa de logística reversa e reciclagem de Havaianas. A iniciativa já reciclou mais de 126 mil pares de sandálias, o equivalente a 44,2 toneladas.
Sou Cris Dorini, Especialista em Gestão de Imagem e Marca Pessoal. Minha atuação se expande por diversas frentes: sou mentora, palestrante, docente e conselheira consultiva. Combinando um olhar detalhista e estratégico com uma ampla rede de contatos e conexões, tenho como foco oferecer soluções práticas e eficazes para empresas e executivos. Com 25 anos de experiência no mercado corporativo, minha missão é transformar desafios em resultados concretos. Sou apaixonada pelos universos corporativo, educacional, de luxo e pelo trabalho voluntário. Sou coautora dos livros Mentores e Suas Práticas de Sucesso e Consultoria de Imagem: Relações Humanas, Inclusão e Respeito — Histórias Brasileiras e Portuguesas. No meu tempo livre, sou entusiasta da corrida e do pilates, atividades que complementam meu equilíbrio e energia.






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