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Etarismo: um nome novo para um preconceito antigo

  • Foto do escritor: Cris Dorini
    Cris Dorini
  • 1 de mai.
  • 5 min de leitura

Envelhecer é irreversível, o que pode mudar é a maneira como envelhecemos: nos livrando de padrões, de ideais inalcançáveis de beleza e rejuvenescimento.



Ao invés de explorar a natureza, estamos começando a aprender com ela. É nesse caminho que a moda e a tecnologia se cruzam.
Ao invés de explorar a natureza, estamos começando a aprender com ela. É nesse caminho que a moda e a tecnologia se cruzam.

Talvez, você ainda não tenha ouvido a palavra etarismo, mas provavelmente já passou por algum tipo de preconceito relacionado a sua idade e isso tem nome: etarismo.


O termo foi batizado pelo gerontologista Robert N. Butler para descrever a discriminação contra adultos mais velhos. Atualmente, é aplicado a qualquer tipo de discriminação contra indivíduos ou grupos etários com base em estereótipos associados à idade


O etarismo pode assumir muitas formas, desde atitudes individuais até políticas e práticas institucionais que perpetuam a discriminação etária.


Envelhecer faz parte do curso da vida, mas isso não quer dizer que seja fácil ou bem-vindo. Em uma sociedade na qual existe uma pressa pelo novo, o adulto mais velho ou idoso acaba não tendo espaço, ainda mais se você for mulher.

O etarismo ao longo da vida da mulher 


Por que é indelicado perguntar a idade de uma mulher? Por que produtos de beleza para mulheres 50+ são focados em ter uma pele mais jovem? Por que pouco se fala sobre menopausa?


A resposta pode ser simples, mas não é fácil: vivemos em uma sociedade em que envelhecer é vergonhoso, excludente e sinônimo de falta de espaço e energia. 


E sabe o que é pior? Esse peso vem desde muito cedo: a cobrança pela vida profissional resolvida até os 30, o casamento, o tic-tac do relógio biológico para a maternidade e uma lista que eu poderia levar horas para chegar até o final.


E se você acha que somos apenas nós, meras mortais, que sofremos com isso, está enganada!


No ano passado, a cantora Madonna, 62, foi vítima de etarismo nas redes sociais. Veja o que aconteceu aqui e tire suas próprias conclusões. Artistas nessa faixa etária têm sido muito ativos na luta contra esse preconceito. Uma dica: acompanhe a Claudia Raia no Instagram. 


Vivemos em uma sociedade em que envelhecer é vergonhoso, excludente e sinônimo de falta de espaço e energia. 
Vivemos em uma sociedade em que envelhecer é vergonhoso, excludente e sinônimo de falta de espaço e energia. 

Etarismo, saúde e qualidade de vida


O Estatuto do Idoso classifica pessoas a partir dos 60 anos idosas (Existe um projeto de lei para aumentar para 65 anos). Ou seja, aos 60 anos começa a velhice, considerando apenas o aspecto biológico de quem viveu mais e deixando de lado o fato de que todas as pessoas carregam uma história, merecem respeito, merecem ser ouvidas e precisam ter voz. 


Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que um em cada dois idosos no mundo são discriminados por causa da idade. Com isso, podemos ver o quanto o etarismo coloca essas pessoas em escanteio.


O preconceito por causa da idade causa impactos no convívio social, no bem-estar e na saúde


Qualquer indivíduo que tenha a sua capacidade e/ou competência questionadas, passa a sentir ainda mais receio de realizar funções do cotidiano. O medo de falhar e ser julgado pela sua faixa etária  faz com que tais pessoas comecem a se isolar do convívio social


Essa atitude, naturalmente, diminui o contato com as mudanças e evoluções do mundo, dificulta o aprendizado e aumenta a insegurança financeira.


E por falar em insegurança financeira, em pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi demonstrado que o índice de desemprego de idosos saltou de menos de 3% em 2012 para mais de 7% em 2020.


Temos um grande problema por aqui...

Adultos mais velhos X mercado de trabalho 


Com a expectativa de vida chegando passando dos 80 anos, a aposentadoria aos 60 pode não ser muito atrativa e faz com que os idosos tenham cada vez mais interesse em permanecer ou voltar ao mercado de trabalho.


Porém, as possibilidades reais de encontrar portas abertas não são tão grandes. Pela legislação trabalhista é proibido qualquer forma de discriminação nos anúncios de processos seletivos, o que sabemos que acontece aos montes, mesmo que de forma velada.


Uma pesquisa realizada pela Infojobs com mais 4.588 profissionais identificou as dificuldades para as pessoas maduras: 

  • 70,4% dos profissionais acima dos 40 anos que participaram da pesquisa afirmam que já sofreram preconceito etário durante processos seletivos.

  • 78,5% deles afirmam que o mercado de trabalho não dá as mesmas chances para profissionais 40+, quando comparado com os mais jovens.

  • Para 61% dos participantes com mais de 40 anos, encontrar empresas que contratem idosos é o principal desafio. 

  • Já para 78%, o mercado de trabalho é desigual e não oferece as mesmas oportunidades.


De todo modo, as empresas perdem muito ao não manter ou contratar profissionais mais maduros.


A cultura de trabalho das gerações passadas é mais focada em seriedade e fidelidade à empresa em que trabalham. As gerações mais novas muitas vezes são mais voltadas para a inovação e modernidade


Diferentes gerações significam diferentes formas de pensar e perspectivas e essa união pode gerar mais valor para o seu negócio.


Muitas empresas que de fato acreditam nessa inclusão estão apostando na contratação às cegas, que permite a seleção apenas baseada em informações comportamentais e técnicas do candidato.  


Muitas vezes, pensar em envelhecer é sinônimo de perda: perda de vida, pessoas, lugar na sociedade... Trazer para o momento presente as potências da velhice é ir além do que se perde e perceber o privilégio da liberdade de ser quem se é depois de passar tanto tempo preso nas amarras sociais.


Hoje, beirando a casa dos 51, posso afirmar que é maravilhoso já ter vivido tudo o que vivi e ainda estou cheia de sonhos e projetos a serem realizados. 


Me sinto criativa, enérgica como jamais fui. Tenho a sensação de estar no ápice da vida! Em um momento de recomeço, reconexão e reinvenção com muito mais sentido e qualidade de vida.


Valorize o seu amadurecimento.

Sou Cris Dorini, Especialista em Gestão de Imagem e Marca Pessoal. Minha atuação se expande por diversas frentes: sou mentora, palestrante, docente e conselheira consultiva. Combinando um olhar detalhista e estratégico com uma ampla rede de contatos e conexões, tenho como foco oferecer soluções práticas e eficazes para empresas e executivos. Com 25 anos de experiência no mercado corporativo, minha missão é transformar desafios em resultados concretos. Sou apaixonada pelos universos corporativo, educacional, de luxo e pelo trabalho voluntário. Sou coautora dos livros Mentores e Suas Práticas de Sucesso e Consultoria de Imagem: Relações Humanas, Inclusão e Respeito — Histórias Brasileiras e Portuguesas. No meu tempo livre, sou entusiasta da corrida e do pilates, atividades que complementam meu equilíbrio e energia.




 
 
 

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