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  • Foto do escritorCris Dorini

O Varejo está em Crise?

Atualizado: 27 de fev.

Pedidos de falência no varejo subiram 44% só nos três primeiros meses de 2023, segundo levantamento da Serasa Experian. 




A lista de empresas com dificuldades para pagar dívidas, buscando reestruturação financeira ou até proteção da Justiça, não para de crescer neste ano: 


  • Americanas em recuperação judicial. 

  • Marisa em processo de reestruturação de dívidas e revisão do modelo de negócio. 

  • Centauro fecha 10 lojas físicas em janeiro.

  • Com dívida de R$ 11 bilhões, a Light pede recuperação judicial.


Essa “tempestade perfeita” — como alguns economistas têm se referido a essa fase de juro alto e consumo fraco —  têm culminado em grandes prejuízos para a economia e consumo dos brasileiros.

Um levantamento da Serasa Experian mostra que só nos três primeiros meses de 2023 o número de pedidos de falência subiu 44% em relação ao mesmo período do ano passado. Na mesma comparação, os pedidos de recuperações judiciais tiveram alta de 37,6%.

Além disso, juros altos, endividamento, restrição ao crédito, erros de gestão e alguns outros pontos levaram sete empresas a baixarem as portas de forma definitiva, encerrando as atividades de mais de 110 lojas físicas.


Apesar das dificuldades financeiras, as empresas explicam que o fechamento das lojas faz parte de uma estratégia comum do varejo, que precisa reavaliar com frequência o desempenho dos pontos de venda. 




Foi a Americanas a grande vilã para o restante do varejo?


Em janeiro deste ano, todos fomos impactados com o anúncio da dívida bilionária de R$ 43 da Americanas.


O país ficou em choque com o tamanho do rombo sem prenúncio, as ações da empresa despencaram 42,53%, sendo negociadas de R$ 12 por R$ 1, bancos e credores se tornaram menos flexíveis na concessão de crédito e um caos no segmento se instalou.

No entanto, para alguns especialistas, esse caso é visto à parte, por ser resultado de falhas na governança ainda em apuração.


Se não é da Americanas, então a culpa é de quem?

Assim como outras crises, a do varejo brasileiro não tem somente uma causa. Alguns fatores tanto internos quanto externos podem explicar o cenário atual.

Pandemia


O fim da Covid-19 em termos de saúde pública já foi decretado, mas a pandemia ainda tem consequências: comparando o primeiro trimestre deste ano com o de 2020, as famílias brasileiras estão mais endividadas do que estavam. 



Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostram que mais de 78% das famílias brasileiras tinham algum tipo de dívida (em atraso ou não) em abril. O percentual de inadimplentes foi de 29,1%.


O especialista Caio Camargo, em entrevista ao portal Metrópoles, explica que “as famílias não estão conseguindo pagar suas contas de subsistência. Hoje, as pessoas têm que fazer escolhas, um verdadeiro malabarismo para se equilibrar”.


A atuação de empresas estrangeiras no país


Nos últimos anos, grupos como Shein, AliExpress, Shopee e Amazon vêm ampliando as suas atuações no Brasil. 


Segundo relatório do banco BTG Pactual, do início de 2023, somente a Shein registrou um faturamento de mais de R$ 8 bilhões em vendas para clientes brasileiros em 2022.


Ainda que a entrada de redes internacionais seja crescente, o setor ainda é dominado por varejistas locais, que estabeleceram marcas fortes com uma ampla compreensão do mercado e dos hábitos de consumo dos brasileiros. 


Menos concessão de crédito e mais juros


No início da pandemia, houve uma larga oferta de crédito corporativo e flexibilidade de governo e bancos para renegociação, adiando um problema precipitado agora pela escalada dos juros.

 

Foi uma ação necessária naquele momento, porém a taxa básica definida pelo Banco Central (BC), disparou de 2% no início de 2021 para 13,75% em agosto de 2022 e lá se mantém. 


A morosa retomada do consumo, afetado pela inflação e pela perda de renda da população —  que também está muito endividada — são fatores adicionais para não vermos a retomada de vendas na proporção necessária para gerar o caixa que as empresas precisam.


O Banco Central foi um dos primeiros do mundo a subir os juros contra a inflação. E o caso da Americanas levanta dúvidas sobre quão frágeis podem estar outras empresas, sobretudo pequenas e médias. Agora, todas enfrentam um choque de juros e outro de confiança.


Gestão estratégica


Além dos fatores citados, cada companhia tem seus problemas específicos e que na atual conjuntura foram aguçados. No varejo de moda e decoração, por exemplo, parte da crise é consequência de falhas na gestão das empresas


A Renner fechou 20 lojas, quatro da própria marca, 13 da Camicado e três da YouCom. Em um comunicado em que explicava seus motivos, a companhia assumiu que decisões ruins da direção e um erro de estratégia prejudicaram os negócios. 




Um parêntesis para a governança


A governança corporativa serve para aprimorar e otimizar os processos administrativos da empresa, considerando todas as tomadas de decisões de forma estratégica.


Essa prática tem ganhado muita relevância ao servir como forma de garantir aos investidores, sócios e demais partes uma boa gestão, transparência e eficiência nas estratégias da gerência empresarial.


Em 2000, o Banco Central lançou o Novo Mercado, um novo segmento da B3 que reúne companhias consideradas de melhor governança.


A listagem nesse segmento especial implica na adoção de um conjunto de regras societárias que ampliam os direitos dos acionistas, além da divulgação de políticas e existência de estruturas de fiscalização e controle. Neste sentido, o Novo Mercado conduz as empresas ao mais elevado padrão de governança corporativa.


No entanto, CVC, Americanas, Light, Renner e Magazine Luiza são algumas das marcas que estão nesta listagem e todas estão passando por dificuldades financeiras.

Qual lição podemos tirar disso?


A morosa retomada do consumo, afetado pela inflação e pela perda de renda da população —  que também está muito endividada — são fatores adicionais para não vermos a retomada de vendas na proporção necessária para gerar o caixa que as empresas precisam.


O que esperar daqui para frente


Sabemos que a economia tem um padrão cíclico, no entanto, há anos o Brasil sofre com os altos e baixos, sendo os momentos de dificuldade mais frequentes do que os de aceleração e crescimento.


O setor varejista, devido à sua proximidade com o consumidor, pode ser considerado um termômetro do consumo, da demanda e da economia, além de ser o maior empregador brasileiro e um importante pilar da economia nacional.


Um levantamento da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), o comércio varejista é responsável por um de cada quatro empregos com carteira assinada no Brasil


O primeiro trimestre deste ano foi marcado por uma diminuição generalizada nas vendas, pelo fechamento de lojas das principais redes e pela percepção de que o poder de consumo da população está cada vez menor. 


Os economistas do Governo têm criado meios para alavancar a economia. O reajuste do salário mínimo em 2023 foi de 8,9%, cobrindo a inflação de 5,81%, com um aumento real de 3,1%.


Além disso, o Governo Federal lançou o Desenrola Brasil, uma iniciativa para ajudar na quitação de dívidas da população e, assim, reduzir os índices de endividamento no país. 


No entanto, acredita-se que a tão sonhada retomada do varejo não virá sem algo mais concreto que dê maior poder de compra às famílias. 



Quais as suas expectativas para o varejo em 2024?

  • Positivas

  • Negativas



Sou Cris Dorini, Consultora de Imagem Pessoal / Profissional e Comportamento. Presidente da FIPI - Federação Internacional dos Profissionais de Imagem. Sócia e fundadora da CD Negócios Empresariais e TRIO Inteligência em Imagem.Docente da Belas Artes, Faculdade Insted e TRIO Inteligência em Imagem.Palestrante e Mentora.




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